José Medrado

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A Bahia está exultante, o Brasil sensibilizado com a canonização de Santa Dulce dos Pobres, a irmã Dulce que toda a Bahia já sabia de há muito se tratar de uma mulher santa, mas que a canonização representa uma entronização em altares, de quem sempre esteve no coração do povo baiano, independentemente de religião. Não se trata de títulos de fé de uma crença, entendo, mas de um reconhecimento de que a compaixão e a misericórdia são caminhos para o engrandecimento de qualquer coração, sobremaneira quando em dedicação os mais simples e desamparados.

Uma pena, por outro lado, que o presidente Bolsonaro não tenha ido ao Vaticano em celebração a uma brasileira que se destacou pelo ideal de servir. O presidente não foi por questões religiosas, o que é profundamente lamentável, em se tratando de um presidente de um país laico, mas quem o viu ajoelhado diante de Edir Macedo para ser ungido, esperaria o quê?  Ele perdeu a certa emoção que deve ter permeado o coração de todos os presentes, inclusive os que viajaram às custas do dinheiro público para este deleite de fé.

No último maio deste ano o professor José Eustáquio Alves, em trabalho no seminário Religião e Política: um olhar sobre o campo religioso brasileiro, ocorrido na PUC-SP, afirmou com base em suas pesquisas, que estamos em um processo de transição religiosa no Brasil, mas não se sabe de que forma com precisão, sendo que o censo de 2020 posicionará esta questão. Destacou,  no entanto, que esta transição religiosa não significa apenas o crescimento evangélico ou a queda dos católicos, mas “uma maior pluralidade na sociedade brasileira” e “maior liberdade religiosa”, o que é “muito positivo”. Por outro lado, “temos uma tendência com esta bancada evangélica [que está no Congresso Nacional] – diz ainda o pesquisador - de uma presença muito forte da religião na política, o que pode ameaçar os princípios do Estado laico”, alerta. O certo é que os que definem os rumos de uma Nação não podem dirigi-la com orientação ideológica religiosa, mas com senso de pertinência para toda uma coletividade, inclusive aos que se proclamam sem religião ou ateus.


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