José Medrado

[]

Estou em viagem pela Europa a convite de instituições ligadas às Igrejas Espiritualistas da Grã-Bretanha, onde, sem exagero, percebo, mais do que antes – e olhe que venho atendendo esta agenda há mais de dez anos, religiosamente todos os anos – o Brasil em pauta, e de uma forma muito negativa, a princípio com as queimadas na Amazônia e agora, nestes dias, com a tragédia que envolveu a pequena Ágatha Felix. Nesta minha estada por aqui, as pessoas têm fugido dos temas espirituais para abordarem as questões humanas e também do meio ambiente. A violência, no entanto, tem tomado o interesse europeu, inclusive com diversas pessoas me afirmando que estão desistindo de irem ao Brasil, em especial ao Rio de Janeiro, exatamente por esta questão.

O fato é que não se pode, de forma alguma, descuidar da imagem que vem se firmando aqui fora do Brasil, com justiça, diga-se, sobre números. A plataforma de dados Fogo Cruzado afirma que Agatha é a 16ª criança vítima de violência armada na área do Grande Rio de Janeiro e a quinta que morre com um tiro em 2019. A imagem do governador do Rio de Janeiro, Witzel, vibrando quando da morte do sequestrador de um ônibus, na ponte Rio – Niterói teve grande repercussão por aqui, o que, neste momento, está gerando uma onde de que há no Brasil desses dias o estímulo à violência policial. Seguramente, não podemos generalizar, mas que é evidente a necessidade de se fazer uma mudança de conduta, sem dúvida alguma há. Está existindo sempre a alegação policial de confronto, razão da deflagração de tiros, mas sempre contestada. O que está havendo, então? Imperícia? Estímulo a atirar primeiro e perguntar depois?

Infelizmente, é um terreno pantanoso, pois o cidadão comum se sente encurralado em suas vidas, refém do medo, da insegurança e aí se manifesta non sense, acreditando que a melhor forma de agir contra a bandidagem é exatamente com a hostilidade, o que é negado, categoricamente, por todas as pesquisas e estudos da área. O fato: uma menina de apenas 08 anos morreu com um tiro de fuzil nas costas, isto não pode ser visto como natural, ou o pior, como dizem uns insanos: é efeito colateral.


Comentários

Veja Também

Fique Informado!!

Deixe seu email para receber as últimas notícia do dia!