José Medrado

Grosseria não é defesa de argumentos
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Recentemente, grande repercussão houve quando um agente público se dirige a uma das maiores damas da dramaturgia brasileira, Fernanda Montenegro, chamando-a de sórdida e mentirosa. Reações vieram de todos os lados, naturalmente e infelizmente outros tantos concordaram. O fato é que muitos não conseguem discordar, sem que perca a força do argumento e parta para os insultos, identificando, consequentemente, a imaturidade na discussão e o vazio dos argumentos. 
Discordar, em verdade, define o que somos, como pensamos e projeta nossa opinião. Isso é saudável, gera reflexão e propõe liberdade de expressão. Mas o que temos visto nesses dias que correm são as pessoas criando divisões, onde certas pessoas se acreditam donas da verdade absoluta e quem vem de encontro a ela se torna alvo de insultos, agressões. Tudo muito triste e antidemocrático, visto que o processo de construção de uma sociedade livre está exatamente na diversidade de opiniões, onde no exercício da dialética as pessoas exprimes os seus contraditórios, sem  a agressividade dos sem razão. 

De um modo geral, o brasileiro desses tempos atuais, precisamos aprender a discordar, sem que tomemos as posições contrárias às nossas como ofensas pessoais. Serão apenas posições diferentes das nossas. O que não me atinge, não me ofende, mas se me sinto ofendido é porque o dito alcança estruturalmente os meus pontos de vista, os meus conceitos, logo, preciso aplacar de qualquer forma a difusão daquilo, em especial desconstruindo a pessoa que disse, não contra argumentando o dito. 
O diretor da Funarte, Roberto Alvin, foi profundamente infeliz em atacar além de uma dama internacionalmente reconhecida por sua arte, mas uma senhora de 89 anos. Será que o pais deste senhor não o ensinou a respeitar os mais velhos?


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