Luís Salém

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Conheci uma garota, que não era do Barbalho, mas tal qual a musa inspiradora da canção de Gilberto Gil, era do barulho!  Regina, que quer dizer literalmente rainha, era também Maria e não bastasse a realeza do prenome, assinava Dourado, do ouro, do sol, de família, minha amiga/irmã Regina Maria Dourado.

Nossa aproximação aconteceu durante as gravações do remake da novela Anjo Mau, já era seu admirador há tempos, mas ali fui abduzido por sua energia magnética, uma atriz eletrizante! Dava orgulho ver Regis, sua carinhosa alcunha, atuar, Hurricane total! Uma entrega absoluta a seu oficio, tão grande quanto a que dedicava ao filho, a família e para minha sorte, aos amigos.

Luiza Câmara, presidente do Me deixa à vontade, conta que depois de uma entrevista num programa de TV local, onde falava das dificuldades pra colocar seu bloco na rua, recebeu um telefonema de Regina, disposta a abraçar sua causa; Luiza é cadeirante e militante na defesa dos direitos dos deficientes, pois bem, Regina virou madrinha do bloco, que foi pra rua!. A estrela dourada e solidaria brilhava no circuito. Estivemos juntos em muitos carnavais, natais, réveillons e tantos outros momentos mais, totalmente demais!

Foi por telefone que Regina contou do câncer recém descoberto, explodindo uma bomba no meu peito, perguntava: Por que ela? Mas certas respostas são negadas, tal mistério só entenderemos em nossa passagem, até lá nos resta seguir em frente cheios de perguntas e saudades. Um ano depois foi a hora de minha mãe fazer sua travessia para o outro lado, só quem perdeu a sua sabe a dor e o vazio que se sente no coração e mente. Desde então repenso o sentido da vida; não, não cheguei a uma iluminada conclusão, mas intuo que o grande compromisso da existência é ser feliz, o tempo que se tenha, a vida que nos leva!. Certeza mesmo, só que Regina e mamãe foram felizes neste mundo, amaram, foram amadas e deixaram por aqui os frutos de tanto amor, eu por Zélia e por Regina, Leonardo, que não vejo desde a cerimônia do adeus a sua mãe, mas espero tenha encontrado o caminho da felicidade. O meu me trouxe pra Salvador e Regina, lá no céu, deve estar dando sua sonora e incomparável gargalhada, dizendo: Sabia que um dia você mudava pra Bahia!

A quase dois anos em Salvador, depois de tantas perdas e danos, tem sido só ganho viver na Cidade de Todos os Santos.  Suave, de boa, fácil, extremamente fácil! Difícil é atravessar o Corredor da Vitória, onde morava Regina, sem me lembrar de alguma história de minha amiga, como a do dia da última noite de apresentação do meu espetáculo Folia no Matagal, no Teatro ACBEU, quando fui surpreendido, no final da sessão, com sua chegada, trazendo deliciosas iguarias baianas para mim e toda a equipe. Essa era minha garota, que não era do Barbalho, mas era do barulho! Barulho do bem, do bom, do amor. Ajayô!. Olha que graça, estou escrevendo e sentindo na boca o gostinho do sorvete de tapioca da Ribeira, lembrança de Regina, que me apresentou tal maravilha! E você que me lê agora, se liga! Perdeu alguém que tanto amou e ama? Então busque na mente uma boa recordação dela e se der, puder e quiser coloque em prática, homenageie sempre que possível o amor! Só faz bem!!!

Hoje, na Ribeira, vai ter sorvete de tapioca pra celebrar minha amiga da e pra vida toda, Regina Maria Dourado.                             

A gente se encontra, na subida ou descida da ladeira.

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